segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Visita à Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO)

No passado dia 22 de Fevereiro, o nosso grupo dirigiu-se ao Porto com o intuito de visitar esta instituição que nos prestou um esclarecimento geral acerca dos principais objectivos da mesma. A directora da ACAPO, Anunciação Bessa Velho, recebeu-nos com bastante simpatia e, depois de nos fornecer diversas informações, conduziu-nos até ao elevador que estava adaptado a pessoas cegas e com outros problemas visuais, nomeadamente com botões em Braille e uma voz que indicava o andar em que se encontravam.
Posteriormente, visitamos a sala de trabalhos manuais para apurar o tacto e para treinar a coordenação motora (malhas, macramé, croché, etc.) onde estavam cinco utentes e as duas monitoras, sendo uma delas cega. Como pudemos observar, todas as utentes se sentiam felizes e entusiasmadas por frequentar a instituição, que lhes facultava actividades em grupo e convívio. As senhoras possuiam problemas visuais distintos e diferentes idades. Começamos pela Dª Elisabete, que ficou cega há dois anos, vê cerca de 4% e utiliza a bengala para se guiar. Confessou que todas as terças feiras se desloca de Paredes ao Porto de comboio e de autocarro, sem qualquer ajuda humana. Depois, conversamos com a Dª Rosa Santos, que cegou aos 35 anos da vista direita. Inicialmente era acompanhada por um familiar, mas agora anda sozinha. Seguidamente abordamos a Dª Rosa Barros que é cega desde os 21 anos e usa bengala. Distingue somente a claridade que incide os objectos e que lhe confere alguma orientação, na vista esquerda. Logo de seguida, a Dª Aurora (muito espontânea) disse-nos que a ACAPO a ajudou a ultrapassar as dificuldades que sentia quando cegou. Gosta das actividades e das monitoras e do que lá fazem. Apesar de cega, referiu que continua a maquilhar-se, a ir ao cabeleireiro, e, pelas suas palavras, continua muito vaidosa, contudo, não tanto como era no passado. Revelou que, para além de frequentar a ACAPO, é voluntária numa instituição de solidariedade no Porto. Após termos escutado com atenção a Dª Aurora, passamos a palavra à Dª Emília, a mais nova do grupo, casada e com filhos. Muito reservada e muito tímida, lá ia fazendo os seus trabalhos de croché enquanto conversava connosco.
Em geral, estas cinco senhoras, apesar das dificuldades visuais, continuam a realizar as tarefas diárias como arrumar a casa e ir às compras, mas evitam lavar a loiça.
A directora da instituição é amblíope, começando por ser utente e acabando por ascender ao cargo superior.
Maria da Luz e Marlene são as monitoras, sendo a primeira cega, técnica de Braille e informática, possuindo uma cadela guia de nome Frida. Marlene é a terapeuta ocupacional, sem qualquer tipo de problema visual. São elas, em conjunto com a instituição, que ajudam as utentes a superar os obstáculos e a serem mais autónomas.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Federação de Cegos Francesa lança calendário para sensibilizar sobre a cegueira

Quinta-feira, 27 de janeiro de 2011 por ajudas.com


A Federação de Cegos Francesa lançou recentemente um calendário com a participação especial de Nicolas Sarkozy e Carla Bruni, duas reconhecidas personalidades da sociedade francesas.


O objectivo da campanha é sensibilizar a sociedade francesa sobre a cegueira e lembrar os direitos dos invisuais. O calendário sublinha por exemplo que apesar da lei prever que os lugares públicos devem ser acessíveis a todos, actualmente só 15% dos mesmos o são. Assim, no calendário, o chefe do Estado francês surge a caminhar na rua com óculos escuros e bengala, na companhia da primeira dama.


Outras das personalidades que aceitaram participar nesta campanha, destinada a ”abrir os olhos dos franceses perante a cegueira”, foram Zinedine Zidane, Ségolène Royal, Gérard Depardieu.


Segundo dados da Federação de Cegos Francesa, um em cada mil franceses é cego e, um em cada cem vê mal.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Grupo faz teatro para cegos.

Cegos poderão conduzir veículos no futuro

Graças a um protótipo com tecnologia especificamente desenvolvida para o efeito, os invisuais podem vir a conduzir um veículo de forma independente, conforme anuncia a Federação Nacional de Cegos americana e a Universidade da Virginia responsáveis pelo projeto.

A tecnologia que os investigadores desenvolveram contém sensores que permitem ao condutor invisual manobrar o carro baseado na informação que lhe é transmitida sobre o que o rodeia.

Para muitos ainda será ainda uma utopia, mas os investigadores estão determinados a revolucionar a forma como a sociedade continua a percecionar as limitações da cegueira. "Estamos a explorar áreas que eram vistas como inexploráveis", explica o Dr. Marc Mauer da Federação Nacional de Cegos americana.

"Estamos a dar um passo em frente para fora da teoria de que a cegueira acaba com a capacidade dos seres humanos em contribuir para a sociedade".

Em cooperação com a empresa Virginia Tech foram assim desenvolvidos mecanismos para tornar possível a condução de veículos por cegos. O condutor irá ter um colete e luvas que vibram à medida que for preciso acelerar ou abrandar e indicar para onde e quando deve virar.

O sistema vai ser colocado à prova na famosa corrida de Daytona, na Florida. Até agora os resultados têm sido "impressionantes" mas de acordo com os responsáveis só será "produzido quando for 100% seguro".

Para a sociedade serão preciso anos até que seja vista como segura a tecnologia que permite cegos guiarem, mas mais importante é mudar o paradigma da sociedade em relação às limitações reais dos invisuais, conforme defende Marc Mauer .


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Exibição do filme "Ice Castles" e do Jogo Sensorial

       Como já foi referido no vídeo realizado pelo grupo, no decorrer do 1º Período houve a realização de actividades destinadas à comunidade escolar.
     Assim, no passado dia 15 de Dezembro de 2010, entre as 10h05 e as 11h35 houve a exibição do filme “Ice Castles”, a duas turmas que frequentam a escola Eça de Queirós. Esta actividade decorreu no auditório da mesma.
    Com esta iniciativa pretendia-se despertar dois sentidos (a audição e a visão) através do visionamento do referido filme que se relaciona intimamente com o tema.
 O filme "Ice Castles" retrata a história de uma jovem patinadora, Alexis Winston, que se torna uma estrela da patinagem artística. Após muito esforço, encontra-se no auge da sua carreira, quando é vítima de um acidente que lhe causa danos irreparáveis, nomeadamente a perda da visão e consequente ameaça à sua promissora carreira. Contudo, com a ajuda do amor, ela recupera a confiança perdida e consegue ultrapassar obstáculos impostos pela sua limitação.
 No início da actividade, três dos cinco elementos constituintes do grupo introduziram o filme com uma breve explicação e contextualização do mesmo no tema do projecto, bem como procederam à entrega de um questionário, anteriormente elaborado por todos os elementos do grupo. Este pretendia levar a uma reflexão por parte dos alunos no que diz respeito à temática abordada pelo filme.


No mesmo dia, entre 17h00 e as 17h45, o grupo E realizou um jogo sensorial com a turma do 7º ano. Esta actividade decorreu no ginásio 3 da escola.
Uma vez que o tema do nosso projecto incide num dos cinco sentidos - a visão – o grupo decidiu abordar superficialmente os cinco sentidos de modo a enfatizar a importância que a população dá ao sentido em estudo relativamente aos outros e introduzir o mesmo de forma ténue. Esta actividade foi realizada tendo em vista igualmente a integração e participação da faixa etária mais nova da escola no desenvolvimento do projecto.
Decidiu-se, assim, realizar um jogo sensorial, que consistiu em cinco partes diferentes – cada um dos cinco sentidos, que foram representados por cada elemento do grupo. Como tal, a aluna Angelina ficou encarregue do tacto, a Isabel da visão, a Jaqueline do paladar, a Susana do olfacto e a Vânia da audição. Inicialmente, e tendo em conta que a turma convidada para participar no Jogo Sensorial era constituída por 26 elementos, procedeu-se à sua divisão em cinco grupos. Quatro dos cinco grupos ficaram com cinco elementos, ficando o quinto com seis elementos.
O jogo que envolvia o sentido do tacto consistia na realização de uma actividade ligada ao desenho, na qual a sensibilidade de cada participante era posta em causa. Foi denominado, por isso, “Sensibilidade Apurada”.
Foram produzidos dez cartões cuja fronte possuía uma palavra (simples e de fácil elaboração) e cada participante teria de ter um par e desenhar nas costas ou na palma da mão do colega (este último virado de costas em qualquer situação) o desenho respeitante à palavra escrita no cartão.
Certos desenhos eram de imediata resposta, enquanto outros foram relativamente mais complexos e de resposta mais demorada, mas todos os participantes revelaram extrema sensibilidade, lógica e atenção.

O jogo que envolvia a visão estava dividido em dois jogos, uma vez que um dos grupos que lhe couberam era constituído por seis elementos e o segundo por cinco elementos. O primeiro grupo, constituído por seis elementos, participou no jogo denominado “Labirinto cego”. Este consistia na organização de equipas de dois jogadores, em que um deles teria os olhos vendados e outro seria responsável por fornecer as indicações correctamente e que foram facultadas previamente. O elemento com os olhos vendados teria de percorrer um percurso que continha obstáculos. A prova só ficaria completa quando o jogador de olhos vendados chegasse ao fim do percurso e retira-se a venda. Devido à escassez de espaço, o jogo teve de ser realizado à vez e cronometrado, sendo posteriormente colocadas classificações numa tabela, para que se pudesse atribuir a pontuação correctamente.
Com o outro grupo, de cinco elementos houve a realização do segundo jogo, que se designa “As Esferas Coloridas” e que tem como objectivo a organização de quatro esferas de modo a formar a frase: “Um Olhar Mais Profundo”, que corresponde ao título do nosso projecto.
Estas esferas têm etiquetas com apenas uma das palavras que constituem a frase. Estas palavras têm cinco tipos de texturas diferentes sendo cada uma correspondente a um jogador. A prova termina quando um dos elementos completar correctamente a frase.
Por fim pode concluir-se que, relativamente ao primeiro jogo, os jogadores conseguiram superar os obstáculos percorrendo o percurso estipulado com sucesso e sem dificuldades maiores.
O segundo jogo foi igualmente frutuoso, tendo os participantes conseguido formar a frase pretendida com facilidade e rapidez.
O jogo que envolvia o paladar tinha como propósito não só entusiasmar os participantes, como também fazê-los reflectir sobre o sabor dos alimentos e desenvolver o seu sentido do gosto. Consistia em duas fases: na primeira, deu-se a provar ao participante, que estava de olhos vendados, quatro tipos de soluções, numa ordem aleatória – água com sumo de limão, água com sal, água com açúcar e café, que estavam em copos idênticos. O objectivo era que o participante identificasse a solução que provou, assim como o gosto básico que representa (doce, salgado, amargo ou azedo).
Na segunda fase do jogo, ao participante, ainda de olhos vendados, deu-se a provar vários tipos de alimentos, sendo que este teria de identificar de que alimento de tratava e, novamente, qual o gosto básico que representa. Os alimentos utilizados foram maçã, romã, chocolate, batata frita, ananás, couves de Bruxelas e maracujá.
Os participantes conseguiram, em geral, cumprir os objectivos do jogo, pelo que acertaram na maioria dos alimentos e das soluções.

O jogo que envolvia o olfacto estava dividido em duas actividades. A primeira denominava-se “A caixa cheirosa” e tinha como objectivo desenvolver o olfacto e estava relacionada com os frutos. A questão que se colocou foi: “será que conheces bem os frutos?”. Colocou-se vários frutos, cada um numa caixa de sapatos diferente, durante algum tempo, para que a caixa pudesse ficar com o cheiro característico do fruto. Assim, os alunos cheiram um caixa de cada vez e tentam descobrir e caracterizar o cheiro a que foram submetidos. Os frutos utilizados foram tangerina, laranja, manga, ananás e maçã.
A segunda actividade denominava-se “Potes cheirosos” e o seu objectivo era verificar se os alunos têm um olfacto apurado ou não. Questionou-se se os alunos conheciam os cheiros que o rodeavam. Assim, reuniu-se uma série de copos de plástico opacos (para que os alunos não vissem o que estes continham), em cada copo tinha um cheiro diferente. Solicitou-se às crianças que cheirassem um copo de cada vez e que falassem sobre o mesmo logo de seguida, de forma a conseguirem identificá-lo. Os elementos utilizados para criar os aromas foram alho, salsa, alecrim, sumo de limão e de laranja, acetona, creme e perfume.

 Relativamente ao jogo que envolvia a audição, foi feita uma breve explicação sobre o mesmo aos participantes. No fim, dois dos elementos sentaram-se enquanto outros dois lhes vendavam os olhos. Em cima da mesa estavam expostos vários instrumentos como por exemplo uma pandeireta, maracas, flauta, um piano o qual emitia sons de outros instrumentos, entre outros. O objectivo deste jogo era exercitar a audição e a memória fazendo com que os alunos que estavam de olhos vendados conseguissem reconhecer o som emitido pelo instrumento que os restantes alunos da turma tinham tocado. Este objectivo foi cumprido com sucesso, visto que quase todos os alunos acertaram em pelo menos dois instrumentos.

Lupa eletrônica da USP aumenta imagem em 40 vezes para pessoas com deficiência visual

















O Brasil tem cerca de 4 milhões de deficientes visuais, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Estima-se que três em cada quatro apresentem visão subnormal, ou seja, têm um campo de visão entre 5% e 30% do normal.
Pessoas com baixa visão ou visão subnormal apresentam sérias dificuldades para os afazeres habituais, mesmo após o tratamento ou a correção dos erros refrativos comuns com o uso de óculos, lentes de contacto ou implante de lentes intraoculares.


Pesquisadores da Bonavision Auxílios Ópticos, empresa instalada no Centro de Inovação, Empreededorismo e Tecnologia (Cietec) da Universidade de São Paulo (USP), acabam de lançar uma lupa eletrónica para leitura destinada a pessoas com deficiências visuais graves, com visão inferior a 5%.
O produto é o terceiro lançado pela empresa. O primeiro, em 2008, foi uma lupa especial para leitura, que amplia textos em cinco vezes e diminui as distorções, permitindo a visualização das palavras. Em 2009, os
pesquisadores lançaram uma prancha de leitura acoplada à lupa.


“A partir da prancha, incorporamos uma nova tecnologia, que foi a câmera de vídeo, colocada no local em que estava uma lente óptica. Conectada a uma televisão de 20 polegadas, a câmara possibilita um aumento da imagem de seis vezes (com a lente) para 40 vezes”, disse José Américo Bonatti, pesquisador da Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e um dos diretores da Bonavision.
Além de permitir a leitura da palavra inteira na linha, uma das vantagens da lupa eletrónica é o conforto. “É o dispositivo disponível no mercado que permite ao usuário ler sentado no sofá ou na cama, sem adaptações, não precisando de cadeira e mesa”, explicou Bonatti.


“A luz ambiente necessária é mínima. A câmara é de alta sensibilidade e tem controle automático de iluminação, mantendo a imagem na tela da TV uniforme e confortável”, afirmou.
Outro aspecto de destaque é a portabilidade, “Por não ter tela própria, o usuário pode levar para qualquer lugar onde seja possível acoplar o equipamento a uma televisão”, disse.


A câmara desliza em um trilho de prancha de leitura. Para mudar de linha, é só movimentar o trilho para cima ou para baixo. “Por isso, a lupa pode ser manipulada também por pessoas com problemas motores, como portadores de Parkinson, uma vez que os tremores não afetam a movimentação da câmara no trilho metálico”, destacou o pesquisador.


Existem atualmente no mercado dois tipos de lupas eletrónicas: “câmara-mouse” e “bandeja móvel”, que apresentam algumas limitações.
“A câmara-mouse, que pode ter tela própria portátil ou não, apresenta estabilidade dificultada, caso o usuário tenha problemas motores. Já a bandeja-móvel, que também pode ter tela própria ou não, exige grande treinamento e coordenação motora, pois a bandeja se move facilmente ao menor movimento das mãos”, afirmou.


Segundo Bonatti, a lupa eletrónica diferencia-se dos equipamentos do mercado porque pode ser usada com treinamento mínimo, além de trazer mais conforto e ergonomia.


Além do uso para deficientes visuais, o produto está sendo testado para outras aplicações, tanto técnicas quanto didáticas.


O produto poderia também ser aplicado no ensino. “Com a ajuda de uma tela grande, muitos detalhes captados poderiam ser vistos em sala de aula. Caso não haja laboratórios na escola, a lupa eletrônica pode ser um recurso pedagógico importante”, sugeriu o pesquisador da USP.