sexta-feira, 27 de maio de 2011

CCBB adapta cinemas no Rio e São Paulo para surdos e cegos

As salas do CCBB, tanto em São Paulo, quanto no Rio, estão adaptadas para o funcionamento do sistema de audiodescrição. Na entrada, é entregue um fone de ouvido para que se acompanhe a descrição de toda informação importante que auxilie na compreensão da trama. A legendagem é feita no sistema "closed caption", em que, além da reprodução das falas dos atores, são transcritos outros sons que ajudam na percepção das cenas.

Desta vez, será disponibilizado transporte gratuito para membros de instituições de pessoas com deficiência visual e auditiva convidados, assim como para outros interessados, que devem entrar em contato com o CCBB. Outra novidade do projeto é que ao final de cada apresentação, o público poderá participar de uma conversa sobre o filme. O convidado para participar do bate-papo sobre o "Salve Geral" é o cineasta e pesquisador Diogo Noventa. Um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) também vai fazer a apresentação da sinopse antes de cada filme e, depois, vai traduzir o debate sobre a obra para o público.

Labrador vira guia de cão e dono cegos

Um britânico cego e seu cachorro, também cego, estão sendo ajudados por outro cão guia.
Graham Waspe, da cidade de Suffolk, tinha o cão Edward como seu guia por vários anos até descobrir que o cachorro também estava perdendo a visão.

Waspe afirmou que não é possível explicar para um cão guia que ele deverá ter seus olhos removidos devido ao glaucoma que não podia ser operado.
A mulher de Waspe, Sandra, esperava que o glaucoma não atingisse o outro olho, mas a doença foi muito rápida e, quando eles souberam que Edward perderia a visão, choraram muito.
Mas, para a surpresa do casal, o labrador encarou bem a situação, com a ajuda do novo cão guia, Opal.
Waspe disse que Opal e Edward ficaram amigos e se dão muito bem e Opal até cuida de Edward. Quando os dois saem para passear, caminham juntos. Sandra Waspe afirma que Edward não se preocupou com a presença de Opal e nem com o glaucoma.
Graham Waspe, que perdeu a visão em um olho e enxerga pouco com o outro, disse também que não queria desistir de Edward e promete que vai cuidar do antigo cão guia até o fim.
Os donos dos cães-guia se perguntaram se Edward seria feliz de novo, mesmo sem poder enxergar. O rabo abanando não poderia ser uma resposta melhor à dúvida do casal.

Pioneira da inclusão social de cegos morre aos 91 anos

A professora Dorina de Gouvêa Nowill, uma das maiores ativistas pela inclusão dos deficientes visuais no País, morreu ontem aos 91 anos. Segundo informações de familiares, ela estava internada havia cerca de 15 dias no Hospital Santa Isabel, na zona oeste, para tratar uma infecção, mas acabou sofrendo parada cardíaca. O velório deve ser realizado hoje na sede da fundação que leva seu nome.

"Foi uma morte praticamente natural", afirmou seu filho Alexandre Nowill, que também era seu médico. Dorina, que era casada com Edward Hubert, deixa outros quatro filhos - Cristiano, Denise, Dorininha e Márcio Manuel -, além de 12 netos.
A professora ficou cega aos 17 anos por causa de uma doença que os médicos nunca conseguiram entender. Decidiu então dedicar a vida à luta pela inclusão de pessoas na mesma condição.
Com um grupo de amigas, criou em 1946 a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que em 1991 recebeu seu nome. Junto com o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, a Fundação Dorina Nowill Para Cegos foi uma das pioneiras na produção de livros em Braille, na distribuição gratuita dessas obras para deficientes visuais e no desenvolvimento de técnicas mais modernas para que o cego consiga ler - como livros falados e vozes sintetizadas no computador.

Computador ajuda cegos a compor música

O programa musibraille, que pode ser gratuitamente baixado pela internet, traduz partituras musicais para o braille.
 
Um programa de computador que pode mudar a vida de músicos cegos foi lançado nesta quarta em Brasília. Usando a internet, a pessoa pode passar uma partitura para o braille, e de graça.

Socorro Araújo, nome artístico, Soara. Apaixonada por música. Formada em canto, já lançou o primeiro CD. Composições próprias.

Cega, ela lembra das dificuldades. Não havia partituras em braille, muito menos exercícios. “Muitas vezes em sala de aula a gente ficava boiando por falta do material, contraponto, seja ritmo, sofejo. A gente ficava meio perdida”, diz Soara.

A cantora Sara Bentes reclama de discriminação. Ela queria ser corista, mas nem conseguiu fazer o concurso. “Por eu não ter acesso a uma partitura, eu fui recusada”.

A maior dificuldade do estudante de música que é cego é acompanhar a aula. O material raramente tem versão em braile. Por isso, muitos desistem do curso ou nem são aceitos em escolas de música. Mas, agora com um novo programa de computador, o estudante cego vai deixar apenas de ser ouvinte.

O musibraile é uma espécie de tradutor da linguagem musical. Em português, vai guiando o cego até converter partituras para o braille. Qualquer um pode baixar o programa de graça da internet e o professor de música não precisa saber braille para ensinar.

“O professor não precisa ser especializado em musicografia ou saber com excelência o braille. Ele vai entender que o cego sabe o braile. É a maneira de ele escrever o braille. Então o cego vai aprender a musicografia em braile”, diz a coordenadora do projeto, Dolores Tomé.

O músico Orlando Britto, carreira firme em Campo Grande, sempre usou a sensibilidade aguçada para superar as dificuldades, mas o musibraille vai ajudar muito na hora de compor. “Não vai ser mais dificultoso. Aquela coisa de eu ter arrumar alguém pra me ditar, pra eu passar pro braile”, disse.